segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Les Paul: um modelo único


Les Paul, o pai da criança.
Cada modelo de guitarra é um projeto único que visa atender atributos específicos tais como timbre, tocabilidade, sustain, conforto para tocar com a guitarra pendurada no pescoço, bem como a possibilidade de usar uma ponte tremolo e criar efeitos de alavanca. As Les Paul foram projetadas para garantir um sustain e timbre encorpado maior que qualquer outra guitarra.
As Stratocasters e Telecasters para emitir aqueles famosos timbres "estalados" e cristalinos tão apreciados por uma série de guitarristas. Já as guitarras tipo Ibanez, com Floyd Rose, braços planos com 24 trastes e captadores de alto ganho, são resultado da necessidade de uma geração moderna de guitarristas de obter um desenvolvimento técnico de atleta e impressionar pelo virtuosismo. Enfim, são propósitos diversos que fazem com que exista uma gama tão grande de modelos de guitarras hoje no mercado.
GIBSON RANDY RHOADS LES PAUL CUSTOM VOS
Gosto muito das stratos e teles, um pouco das guitarras com Floyd Rose, mas as Les Paul com certeza sempre serão guitarras que me farão suspirar. As Les Paul tem um incrível sustain e proporcionam um som encorpado que dificilmente outra guitarra proporcionará. Além disso, são esteticamente perfeitas e proporcionam uma entonação praticamente perfeita, desde que estejam bem reguladas. Acredito que seja a guitarra mais impressionante já fabricada, não por ser moderna, nem por representar uma inovação atualmente, mas sim por ter se tornado um ícone.

O corpo de mogno de uma Les Paul associado ao seu tampo de Maple com o braço colado e ponte tune o' matic são a combinação perfeita para uma guitarra de incrível sustain. 

Lembro de ter lido uma vez sobre a história da construção da Les Paul e que o desejo do guitarrista homenageado pelo modelo é que a guitarra fosse acusticamente capaz de sustentar uma nota tocada por cerca de 20 segundos, sem o auxílio de captação. Isso significa que não só a madeira escolhida, mas também a sua densidade e massa deveriam ser capazes de manter uma nota ressoando através de seu corpo e braço acusticamente durante todo esse tempo. 

Assim, o som encorpado e sustain incríveis dessa guitarra explicam porque esse modelo é tão associado ao rock n' roll.
GIBSON RANDY RHOADS LES PAUL CUSTOM VOS
GIBSON LES PAUL SUPREME
Esteticamente falando essa guitarra é uma dádiva. Seu visual ao mesmo tempo é clássico, ao se assemelhar ao modelo de um violão com cutaway simples, e pode ser moderna, bastando para isso receber uma pintura ousada, como a do Zakky Wylde.

Seu corpo arc-top, com derca de 5cm de espessura, seu headstock em formato de livro aberto, os bindings laterais em todo o corpo e braço (às vezes estendendo-se até o headstock), as tarraxas em formato tulipa e as marcações retangulares ou trapezoidáis em madrepérola por todo o braço, ao mesmo tempo fazem com que este seja um modelo que ostenta suavidade e força, imponência e luxuosidade.

Uma última consideração fica por conta dos guitarristas que adotaram uma Les Paul como guitarra de cabeçeira. De Jimmy Page a Zakky Wylde, passando por Rhandy Roads, Gary Moore, Slash e outros guitarristas mundialmente famosos, todos criaram estilos expressivos e únicos. 

Ao mesmo tempo, um aspecto resta comum entre todos estes guitarristas e que independe de suas Les Pauls terem captação vintage ou high-gain, passiva ou ativa, é que todos criaram fraseados agressivos e diretos, cortantes, o que talvez seja parte da influência do modelo sobre esses guitarristas.

Paradoxalmente, para mim esse não é o modelo ideal. Embora eu aprecie muito a Les Paul em seus aspectos timbrísticos e estéticos, não consegui me adaptar a este modelo no quesito tocabilidade.

Aguentar o peso de uma Les Paul pendurada por uma correia nunca encarei como um problema, pois se a correia for flexível o peso pode ser suportado. O meu grande problema jaz no acesso às últimas casas da escala, que pelo menos pra mim não é nada anatômico.

Acredito que isso seja porque meus dedos são pequenos e para alcançar as últimas casas com destreza fica praticamente impossível. Como todo guitarrista, busco por uma guitarra que possa me atender bem em todos os atributos, e infelizmente, nesse eu não pude definitivamente adotar a Les Paul como meu modelo principal.

Como saída tangencial, estou pensando 24h por dia em uma PRS também feita em mogno e com tampo em maple e com a escala de 24,1/2 " e com marcações retangulares de madrepérola, porque mantém quase todas as características de uma Les Paul, mas ainda tem cutaway duplo, facilitando o acesso no final da escala.

Antes que os revoltosos se alardeiem e decidam-se por me colocar na fogueira, preciso dizer uma última coisa: uma Les Paul bem feita sempre será um maravilhoso modelo, se você não compartilha do meu problema, então, de olhos fechados, digo-lhe que uma Les Paul é uma excelente escolha.

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